sexta-feira, 25 de junho de 2010

O silêncio das vuvuzelas



Para quem está acompanhando a Copa 2010, sabe do que eu estou falando. Cristiano Ronaldo chiou, os torcedores nos estádios também, os que assistem aos jogos na TV também. São as vuvuzelas: cornetas de plástico que estão sendo vendidas nas portas dos estádios da África do Sul, que estão infernizando a vida de muita gente. Mas foi quando as emissoras de TV disseram que os seus sistemas de áudio de última geração não conseguiam competir com as buzinas de 3 dólares, aí a coisa ficou feia. A Fifa teve que se pronunciar. E o parecer final foi: as vuvuzelas ficam. “Fazem parte da cultura sul africana” foi a resposta. Ninguém pode calá-las, elas estão lá, perturbando, gritando, incomodando.

Dia 17 de junho, porém elas se calaram. A África do Sul jogava contra o Uruguai e já estava 1 a 0 pro time sul americano, quando aos 30 minutos do 2º tempo Suaréz sofre falta na pequena área. Enquanto o craque uruguaio Fórlan se prepara pra cobrar o pênalti, é aí que o som das vuvuzelas se torna mais ensurdecedor. Os sul africanos estufam o peito de ar e assopram a corneta o mais forte possível, a fim de desconcentrar o jogador do time adversário. Enganam-se. Fórlan corre para a bola, chuta e... GOL! Como que por um milagre, o som das cornetas silencia, sendo substituído apenas pelo berro dos torcedores da camiseta azul celeste.

O zunido incontrolável das vuvuzelas, apesar dos uruguaios, me fez lembrar os discípulos de Jesus na entrada triunfal em Jerusalém no relato de Lucas 19. O trecho conta que: “quando [Jesus] se aproximava da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto, dizendo: Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!” (vs. 37, 38). Sempre compondo a multidão, os fariseus querendo evitar distúrbios que perturbassem a paz , ou que pudessem provocar reações dos romanos dizem “Mestre, repreende os teus discípulos!” (vs. 39b). Mas Jesus lhes respondeu: “Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão.” (vs. 40).

Jesus não poderia omitir a verdade. Anunciar o Cristo vivo antes de ser uma obrigação, é uma necessidade nossa. O imediato reflexo da salvação é a proclamação jubilosa. Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas! Ninguém pode calar a Igreja; nós sempre estaremos lá como vuvuzelas... perturbando, gritando, incomodando.